RL Entrevista: Dinho Ouro Preto fala sobre o novo single “Não Me Olhe Assim”, álbum e turnê do Capital Inicial

“Espera mais um pouquinho, 10 minutos”. O pedido é para que Dinho Ouro Preto desse uma pausa em um ensaio fotográfico para falar com o ROCKline sobre “Não Me Olhe Assim”, a nova música do Capital Inicial lançada nesta madrugada. A faixa é a primeira inédita desde o acústico de 2015 e abre uma nova etapa na carreira da banda na estrada há mais de 30 anos.

E parar ou dar apenas uma pausa é algo que não passa pela cabeça de Dinho Ouro Preto. A agenda agitada é de dar inveja a qualquer jovem de 20 e poucos anos. Depois de “Saturno” e da respectiva turnê, a banda lançou o projeto “Acústico NYC”, emendou outra turnê, lançamento de DVD, divulgação, preparação do novo disco “Sonora” e novos shows com uma roupagem inédita.

Entre muitas risadas, conseguimos conversar com o ocupado e simpático Dinho por 15 minutinhos. Tentamos tirar o máximo de informação sobre o que eles estão planejando para o resto de 2018. Segue aí:

Foto: Divulgação

ROCKline: Vocês passaram os últimos dias fazendo um mistério muito grande em torno da nova música! Como é que foi isso?
Dinho: (risos) Foi até um exagero por parte da gravadora, deve ser alguma estratégia de marketing. Fica um clima de expectativa, né? Olha, a gente procurou um outro produtor, um cara 20 anos mais novo que a gente, a gente procurou o Lucas, do Fresno. A gente queria que o Capital mantivesse a sua personalidade, mas que tivéssemos uma nova roupagem, uma repaginada talvez. E em todos os aspectos acho isso foi conquistado, sabe? Na sonoridade do disco, na forma de como uma música foi gravada, tudo foi fora da nossa zona habitual de conforto, saca? Foi tudo na casa dele, uma produção mais doméstica. A gente estava acostumado a coisas ortodoxas, dentro de estúdios formais e não foi nada disso… uma coisa muito “ê lá em casa”. E para a gente que está há 35 anos na estrada foi algo diferente.

Uma coisa mais orgânica, ajuda a pensar fora da caixinha.
Ah, claro. E é legal para gente também, a essa altura nem eu sei mais quantos álbuns o Capital tem. Parece piada, mas é verdade (risos)… Poder a esta altura do campeonato se permitir a gravar de outro jeito, com outras pessoas. A gente já gravou com todas as figuras conhecidas como Liminha, com Marcelo Sussekind, e acho que o Lucas já havia produzido para outros artistas, mas nunca para uma banda veterana como o Capital. Imagino que aos olhos dele deve ter sido… na verdade, deve estar sendo também um desafio à medida que ainda estamos na metade do disco, sabe? E essa música em especial é uma parceria minha com Alvin [L.], com quem já componho há mais de 25 anos, mas teve a mão do próprio Lucas. Ele foi um pouco além do arranjo. Ele ajudou a compor parte das melodias.

E como vocês chegaram até ele?
Olha meu, é uma história surreal! Olha só… o Supercombo fez uma sessão no estúdio deles, as Sessions [da Tarde] e eu fui. Chegando lá gravei minha música, depois fiquei conversando com eles e descobri lá que eles são empresariados pela mesma pessoa do Far From Alaska e eu já conhecia alguns, a Emmily [Barreto], os meninos do Ego Kill Talent… sempre me interessei pela cena nova, o que o Supercombo estava fazendo, Scalene, as Vespas Mandarinas aqui em São Paulo, sempre me interessei e eles me disseram que haviam criado um grupo de Whatsapp (risos).

(Risos)
Pois é (risos), juro. E eles conversavam entre si, essas bandas todas! E eu disse ‘p**** cara, deixa eu participar disso’. Entrei e aí descobri que eles estavam promovendo encontros na casa do Lucas, na garagem do Lucas. E lá vou eu pro encontro. Acho que estava o Vivendo do Ócio e outras poucas bandas. Conversa vai, conversa vem e o estúdio do Lucas é em cima da casa dele e cheguei ‘pô, tem uma música aqui que eu não consigo resolver’, mostrei pra ele quais eram os acordes e ele falou ‘vamos fazer assim’ e ‘blerg’, entregou a música. Apresentou a música! Aí eu falei ‘caraca velho, é esse cara aí’.

Que coisa!
Não, peraí! (risos ininterruptos) Aí a gente faz umas duas, três músicas e mostra pra gravadora e a gravadora ouve e fala ‘p****, horrível não’! (muitos risos) Aí a gente ‘não, não é nada disso, começamos pelas músicas mais esquisitas, o resto do repertório não é tão bizarro’ e eles acreditaram e mandaram a gente seguir em frente. Então demos continuidade ao projeto e agora estamos com metade dele pronto, eles ouviram e acho que agora a poeira assentou.

Deu certo…
Deu certo! Ouviram a música e falaram ‘ah, beleza galera, é um Capital repaginado’. Embora haja no repertório algumas músicas mais cabeludas, mas essa que está saindo, meu, parece uma música do The Killers. Eu acho. Sabe? É nesse sentido, uma batida, um negócio dançante. A letra, acho que carrega uma certa ambiguidade na medida que ela pode ser lida de duas formas como uma música de amor, mas também se insere muito bem nesse contexto de polarização generalizada que existe no Brasil… em tudo, né? Casos de religião, política, grupos étnicos, sexualidade… de um modo o Brasil parece conflagrado, sacou? E essa frase pode ser usada o tempo todo ‘não me olhe assim, qual é a sua?’.

E vocês acabaram de sair da divulgação de um projeto acústico, então tenho que perguntar se as guitarras estarão de volta.
Ah sim! O conceito é uma roupagem, mas… não sei qual o adjetivo, mais atual, nenhuma dessas palavras me agrada. Talvez mais alternativa, sabe? Você vai reconhecer ali o Capital porém com… um sotaque diferente! É difícil verbalizar o som, mas vou ficar como um sotaque diferente mesmo. A personalidade do Capital está ali, mas há algo diferente e esse algo diferente é o Lucas.

O Capital está na vida de muita gente! Na minha geração dos trinta e poucos é até difícil olhar para a nossa história musical e não ter uma correlação com a banda em algum momento.
Muito gozado, né? A maquiadora acabou de me dizer aqui que a gente é super importante na vida dela.

Está vendo? E vocês não param! Eu estava olhando a agenda de vocês, vocês acabaram a divulgação do acústico, estão produzindo um show novo, um CD novo. Como é que tem essa disposição toda com tantos anos de carreira?
(risos) E eu tenho 54 anos.

Eu quero ter a sua energia aos 54 anos, vou confessar, mas conta o segredo.
(risos) Ah, cara. Sabe o que é? Eu acho que uma banda só sobrevive na medida que ela olha pra frente. Você não pode se pautar por saudosismo, nostalgia, se você fizer isso você vira sal, se congela. E acho que uma banda é viva quando ela apresenta um material novo, pensa no futuro. No Capital, acho que essa vitalidade, esse vigor, essa renovação, é justamente por estar sempre com o olho no projeto seguinte. É a explicação mais plausível porque eu também fico perplexo.

E agora tem essa turnê que vem com uma outra cara.
A gente teve um encontro com o pessoal da área digital, das plataformas, e eles nos sugeriram, e a gravadora também, que mudássemos a forma de lançar músicas. Que não lançássemos tudo de uma vez, liberássemos paulatinamente. O disco terá doze músicas e estamos contemplando a possibilidade de lançarmos uma música por mês e trabalharmos o álbum durante um ano. Não sei se a gente vai aguentar, sacou? A ansiedade pode falar mais alto. Mas não deixa de ser instigante… ‘olha só, um ano inteiro lançando músicas todo mês’.

Então o disco será fechado mesmo em 12 músicas.
Sim, 12 músicas, gravamos seis. Faltam mais seis e voltamos nesta sexta ao estúdio com o Lucas. Quanto ao cenário da turnê, a gente optou por não ter nem cenário nem telão de alta definição. O cenário serão feitos pelas próprias luzes. Colocamos várias ‘moving lights’ dentro de várias gaiolas e elas vão se mexer. Então, talvez, seja difícil explicar. O que vem à cabeça é um show do Queen, isso há uns 30 anos, e as luzes começavam atrás deles e elas se moviam para cima deles. Essas luzes podem ficar tanto atrás de nós ou acima da gente. A gente vai ver se tudo vai ficar como vimos no projeto daqui a uma semana quando começarmos os ensaios gerais. Então a ideia é lançar essas músicas no decorrer do ano e ir para a rua com esse cenário, que vai ser algo, pô, muito singular, poder montar uma produção dessas.

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Fonte: http://portalrockline.com.br/rl-entrevista-dinho-ouro-preto-fala-sobre-o-novo-single-nao-me-olhe-assim-album-e-turne-do-capital-inicial

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